domingo, 23 de novembro de 2008

V de Vingança X Vigiar e Punir

Por Camila Teodoro de Faria

Com base no filme, podemos comentar, que se fala sobre uma Inglaterra fictícia, onde os governantes aproveitam de tal situação para fazer experiências com novos medicamentos e aumentar seu poder sobre a população que se mantém refém pelo medo. O Panoptismo aborda uma teoria onde o novo sistema é a vigilância integral, pois são utilizados relatórios com o nome, idade, sexo, o que lhe pertence, o que já aconteceu na sua vida, etc, de cada indivíduo da comunidade, e estes são utilizados pelo governo para conseguir uma comunidade pura e uma sociedade disciplinar, ou seja, ‘a utopia da cidade perfeitamente governada’. As pessoas além de vigiadas, são separadamente colocadas em asilos psiquiátricos, penitenciarias, casas de correção, escolas, etc, onde com isso o governo individualiza cada um, conhece tudo sobre a pessoa e a reconhece imediatamente. Em um trecho desse capitulo o autor cita ‘cada um em seu lugar, está bem trancado em sua cela de onde é visto de frente pelo vigia’. O Panoptismo induz no detento um estado consciente e permanente de visibilidade que assegura o funcionamento do poder. Com isso os ‘prisioneiros’ obedecem a tudo por medo de estarem sendo vigiados, e fazerem algo errado e serem punidos por isso.
A cena do filme onde mostra isso é quando a personagem ‘Evey’ é capturada pelo personagem ‘V’ e ele a trancafia como se ela tivesse sido pega pela policia, e a tortura deixando-a presa, sem comida e com medo. Ele queria saber se ela o desmascararia, ou se manteria o segredo de quem ele era. ‘O detento nunca deve saber se está sendo observado, mas deve ter certeza de que sempre pode sê-lo’. O Panóptico é um mecanismo onde não se usa da força física para se conseguir o que deseja, e sim do medo. ‘É o fim das grades, correntes, fechaduras pesadas, etc. Bastam-se que as separações sejam nítidas e as aberturas bem distribuídas’ para o indivíduo saber que pode estar sendo vigiado naquele momento, então é melhor seguir as regras e não fazer algo que seja considerado errado.
‘O Panóptico pode ser utilizado para fazer experiências de modificar o comportamento, treinar ou retreinar indivíduos’, e é justamente isso que acontece no filme, onde os comandantes pegavam pessoas, e introduziam-nas em lugares desconhecidos e faziam experiências com elas. ‘O Panóptico é um local privilegiado para tornar possível a experiência com homens, e para analisar com toda certeza as transformações que se pode obter neles’. ‘Cada vez que se tratar de uma multiplicidade de indivíduos a que se deve impor uma tarefa ou um comportamento, o esquema Panóptico poderá ser utilizado’.
‘E para se exercer, esse poder deve adquirir o instrumento para uma vigilância permanente, exaustiva, onipresente, capaz de tornar tudo visível, mas com a condição de se tornar ela mesma invisível’. Essa frase descreve tudo o que o personagem ‘V’ era contra. Ele percebeu o quanto era regulador e vigilante o seu Estado, e para isso resolveu explodir o parlamento como uma ‘revolta’ contra tudo isso. Ele queria incutir na cabeça dos cidadãos ‘a idéia’ de que eles eram livres, e que estava tudo errado naquele governo. Pessoas morriam, sumiam, aparentemente ‘do nada’, e não encontravam respostas para tudo que acontecia. Simplesmente não contestavam, pois viviam no medo feito pela policia, governo, etc. Então ‘V’ entra em cena para mostrar como a sociedade estava vivendo e o que precisava ser mudado. As pessoas não precisavam de um parlamento, mas sim, de serem livres e lutarem por tudo que gostariam que mudasse. Não precisavam de medo, mas sim de um governo decente, onde fosse proibido não saber, não estudar, não lutar, etc, e não que proibissem o conhecimento de como estão as coisas no país.
Eu, particularmente, adoro esse filme. Já vi muitas vezes, e sempre que o faço fico pensando em tudo que está errado no nosso país e que deixamos para lá. Gostaria de ser mais como o personagem ‘V’, que luta pelas coisas que acha certo, e não ser como nós, principalmente nós brasileiros, que levamos tudo devagar, e não fazemos mais revoluções ou passeatas como antigamente para lutar contra o que está errado.

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