sexta-feira, 30 de novembro de 2007

A rede é a Rede

Por Valdevino Júnior

“[...] os temores de empobrecimento da vida social estão fora de contexto [...]”
“[...] o uso mais intenso da internet leva a mais vínculos sociais [...]” Castells, 1999, p. 445

A vida em sociedade passa por alterações as mais diversas, sempre. Considerando-se o conceito sociedade sob o prisma de reunião de pessoas regidas pelas mesmas leis, infere-se o conceito básico de que a idéia de sociedade pressupõe a presença harmônica da comunicação social, ou pelo menos, do estabelecimento de várias possibilidades de comunicação entre os indivíduos. Acontece que as formas de comunicação já não se restringem à unicidade do passado e, assim sendo, os meios para se atingir a finalidade da comunicação são os mais variados.

A vida em sociedade agora tem um novo conceito, ou melhor, novos conceitos. Hoje em dia não há a necessidade de se aguardar vários dias ou meses para que uma carta chegue ao seu destino (claro, isso é opcional), aliás, se trata-se de indivíduos já internetizados, a necessidade de se escrever – literalmente –, uma carta, inexiste. As pessoas se comunicam online, em tempo real, a milhares de quilômetros de distância.

As mudanças que a sociedade vivencia em suas formas de comunicação, proporcionam, nessa transitoriedade, situações muitos instáveis, quer dizer, as alterações na forma de transmissão de informações são refletidas instantaneamente no universo social, uma vez que alteram também o comportamento do indivíduo, imerso no oceano tecnológico, que naufraga os costumes antigos. Ora, mudanças produzem resultados. E em se tratando de sociedade não poderia ser diferente, haja vista que mudanças na esfera da comunicação, claro, produzem alterações na atuação comportamental das pessoas, isto é, uma equação de resultados inexatos, exponenciais e logarítmicos.
Justamente essa atuação comportamental é que tem gerado conflitos no universo conceitual de sociedade, já que uma sociedade precisa manter acesa a chama da harmonia comunicacional e esta, já está sob o estereótipo de que o estabelecimento da comunicação deve ser, sempre, in loco, numa situação de materialização da informação, através da presença material dos interlocutores.
Sendo esta questão moderníssima, não se tem ainda dados e pesquisas completas, logo plenitude de resultados sobre a realidade dessa atualidade tão intensa, pois as alterações na comunicação ainda estão acontecendo e os resultados, conforme anteriormente citados, estão sendo verificados nas equações da vida social.
As controvérsias que vem sendo levantadas dizem respeito a situações de confronto intelectual, isto é, são mais a nível das opiniões, portanto, entendo que são questões mais filosófico-ideológicas do que propriamente antropológicas, ligadas às esfera técnicas de análises, sob o ponto de vista político. Hoje em dia o que se tem, realmente, é uma miscelânea de culturas, expostas de maneira muito intensa, fato que vem agregar novas culturas a uma cultura preexistente, e isto semeia uma profunda sensação de instabilidade na cognição de fundamentalistas, ao passo que gera sensação oposta nos indivíduos de tendência cosmopolita.
São fatos incontestáveis as mudanças positivas proporcionadas pela internet. Porém, segundo alguns pesquisadores, a sociedade vem sendo negativamente influenciada pela redução significativa do relacionamento interpessoal físico, isto é, a supracitada comunicação in loco. As pessoas realmente mudaram sua forma de comunicação, mas será que essas mudanças têm alienado as perspectivas de relacionamento interpessoal in loco? Bem, as opiniões divergem abruptamente. Claro, a análise desse fato pertence às ciências humanas, que jamais encontrarãoconvergências ideológicas perfeitas e integrais. Os seres humanos abrigam a esfera intocável da personalidade e dissertar sobre os comportamentos dos seres humanos é discorrer sobre essa esfera, tarefa não muito fácil.

O fato de os novos meios de comunicação, em interatividade, refletirem suas imposições ideológicas sobre as pessoas não quer dizer, exatamente, que isso vá realmente alterar a performance comportamental da sociedade, pois essa alteração vem de conseqüências históricas, antropológicas.

A rede mundial de computadores abriu as portas da difusão de conhecimento; porém é necessário que as pessoas saibam lidar com essas novidades e mantenham a consciência ativada para o fato de não prescindirem de um bem tão importante, que é o contato consigo mesmo, a auto-análise. De fato, a sociedade tornou-se interativa e essa interatividade é benéfica do ponto de vista informacional-quantitativo, logo, precisa sê-lo também do ponto de vista informacional-qualitativo.
As pessoas não deixarão de ser pessoas pelo fato de lidar continuamente com o meioeletrônico. Aliás, elas não deixam de ser pessoas nem quando deixam de agir como pessoas, muito menos deixarão de sentir necessidade de contato com pessoas pelo simples fato de a tecnologia promover o encurtamento das distâncias entre os indivíduos, possibilitando o contato virtual, que não deixa de ser a “materialização” da informação do indivíduo.

A rede é a rede. É um instrumento, não um governante. Serve de base à alimentação de um sistema cada vez mais poderoso de comunicação. Sendo um bem, precisa ser bem usufruído pelo portador, para seu benefício. E isto tem ocorrido, sobremodo na esfera da comunicação. Mas esse é um assunto que pede mais, muito mais. Pede um outro momento, mais oportuno.
Referência

CASTELLS, Manuell. A sociedade em rede. Trad: Roneide Venâncio Majer – atualização para a 6ª ed: Jussara Simões – (A era da informação economia, sociedade e cultura,v.1) São Paulo; Paz e Terra, 1999: pág. 442-458/.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

A balança da vida

Por Diego Silva


No filme “Click”, Michael Newman (Adam Sandler) é um jovem e bem-sucedido arquiteto que continua ambicionando conquistas em sua carreira profissional. Ele pretende ascender à condição de sócio da empresa onde trabalha e na qual é considerado um dos melhores profissionais que ali atuam. O proprietário da firma, conhecedor do talento e do interesse de Newman, a todo o momento o provoca e estimula a dar mais de si para a empresa ao prometer-lhe cargos melhores e sociedade na empresa. Newman tem uma bela esposa e dois filhos. Ama profundamente os membros de sua família e a considera seu maior tesouro. Por isso mesmo, acredita que deve se sacrificar ao máximo em sua carreira para atingir uma condição invejável dentro da empresa. Busca com isso a solidez financeira que irá permitir conforto e qualidade de vida elevada para sua mulher e as crianças.

Para que isso aconteça, ele trabalha muito, até mesmo quando está em casa. Por vezes adormece no sofá de tanto trabalhar e em várias ocasiões fica tão confuso que ao parar para descansar acaba sempre se confundindo com os controles remotos que acionam a TV, o ventilador ou o portão da garagem. Isso sempre o deixa nervoso e, por isso, numa dessas ocasiões ele sai de casa em direção a uma loja de departamentos para comprar um controle remoto universal... O que ele não sabe é que o aparelho que está adquirindo não serve apenas para ligar as quinquilharias domésticas que possui. Esse controle mexe, na verdade, com o ritmo e os rumos de sua vida. Permite que ele esteja presente em alguns momentos ao mesmo tempo em que adianta seus projetos ou acelera os momentos ruins e diminui o desenrolar dos acontecimentos bons...

O mais engraçado disso tudo, é que às vezes não percebemos a maneira que devemos agir em nossas próprias vidas. Não que sempre tenhamos a resposta para todas nossas indagações, isso seria uma utopia, mas sempre queremos solucionar o que nos aflige. De fato, após assistirmos o filme, refletimos sobre como somos vulneráveis aos nossos erros e que o livre arbítrio que temos nos permite traçar nosso caminho. Podemos dizer que a vida é semelhante a uma balança, em que devemos pesar todas as nossas metas e planos, para não cometermos um erro muito comum chamado: Priorização. Essas prioridades devem ser “pesadas” por nós, para que não haja falhas. De certo que em momentos priorizamos a vida profissional, em outros priorizamos a vida sentimental. Mas não podemos esquecer que se não ajustarmos as medidas, um dos lados dessa balança chamada “vida” sucumbe ao peso do lado oposto.

sábado, 10 de novembro de 2007

A grande Sherwood

Por Diego Silva

Infância >Do Lat. Infantia> s. f., Período da vida do homem que vai do nascimento até à puberdade.

E foi nesse período inocente da minha vida que eu ouvi histórias sobre Robin Hood, um herói mítico inglês que roubava dos ricos para dar aos pobres, mais conhecido como príncipe dos ladrões. Os contos de fadas que contam as crianças são engraçados né? Em pensar que eu sempre me sentia eufórico quando ouvia histórias sobre esse tal “príncipe dos ladrões” que morava em uma tal floresta chamada Sherwood. Quero dizer... Que tipo de príncipe é esse que mora em uma floresta? Se fosse uma raposa, como Robin Hood é tratado na versão do Walt Disney, tudo bem! Mas era um homem! Tá... Tá certo que ele usava roupas verdes, justas, bota de couro silvestre e um chapeuzinho no mínimo duvidoso... Mas era meu herói.

Deixando de lado minha análise aos modelitos de estórias infantis, que outrora poderá ser nosso tema, voltemos ao roteiro que estou seguindo aqui. Doze anos mais tarde, quando percebi que não era mais um infante, eu cri piamente que a cada dia que passamos nesse mundo adquirimos senso crítico, foi assim que eu vi que eu não podia mais acreditar em contos de fadas. Costumo dizer, que hoje em dia, vivemos o chamado “complexo de Robin Hood às avessas”... Acalmem-se! Robin Hood não foi estripado e deixado do avesso, sabem como é... Nas crônicas temos que fazer analogias, me perdoem o susto.

Enfim, batizei com esse nome simplesmente porque fere os princípios do nobre senhor Robin Hood. O que vemos no mundo de hoje? (além de TV, é claro). Foi uma pergunta retórica, eu sei. Desigualdade é a resposta, onde nesse complexo inverso rouba-se dos pobres e dá-se aos ricos. Vocês devem estar se perguntando... Essa volta toda pra dizer apenas isso? Pois é meus caros leitores, os fins justificam os meios. Só posso acrescentar que continuamos vivendo nessa grande Sherwood e que estamos em busca da Terra do Nunca... Um dia contarei essa outra estória.

Homens, Árvores e Vidas

Por Diego Silva

Em toda existência humana podemos notar visíveis mudanças de caráter físicos e emocionais. Quando falamos de Seres Humanos, falamos de algo complicado, em que nos chama a atenção sabermos que somos, nós, alvos de “auto-estudos”, em um ambiente por vezes ametódico, diligente e abastado de preocupações. A sociedade atual é composta por inúmeros tipos de personalidades, crenças, gostos e padrões, tais estes que são individualizados. Cada qual exercendo sua função na sociedade e com seus ideais em questão... distintos por sinal! Há aqueles que se destacam no campo profissional e material e também os felizes na vida sentimental, há os que dão a vida em favor das causas amadas e os que se entregam a amores desejados. Cada qual de maneira peculiar.

Ao observar uma floresta podemos constatar que o conjunto da vegetação produz um ambiente inigualável. Límpido. Verde. Relaxante. Bucólico. Cada vegetação com sua especialidade e particularidade. Há árvores que aprofundam suas raízes de tal maneira que torna impossível arrancá-las. Também existem aquelas que vivem muito tempo sem se abastecer daquilo que as sustenta. Cada árvore em especial fornece seu fruto e de maneira eficaz mantêm a vida em vida.

Apesar das divergências de ambientes, pode se dizer que os seres humanos, apesar de viverem em meio ao caos, são bem assemelhados as árvores. Não nos encontramos em um clima calmo e muito menos relaxante, mas a sociedade é dotada de seres “frutíferos”.

Em um belo dia foi plantada a semente do amor, que germinou com a inocência de um embrião, cresceu regada da excelência da vida e amadureceu com a ambientação, oferecendo maus e bons frutos. Frutos estes, que são colhidos a cada dia que passamos nesse grande globo circular chamado Terra. O grande diferencial de nós, seres humanos, para as árvores, é que podemos escolher que tipo de frutos desejamos oferecer. Sejam estes agradáveis ou não. Os que se achegam para colher estes frutos nos dão o reflexo do que estamos oferecendo.

Alguns têm o dom de se assemelhar a grande e forte árvore da amizade, que em momentos de intenso calor, provação e fadiga oferecem suas copas verdes e cheias de vida àqueles que procuram uma sombra para se recostar. Há os que têm o dom de se assemelhar a intensa e frutífera árvore do amor, que de início é pequena e frágil, mas com tempo torna-se grande forte e fornece frutos maravilhosos. Estes frutos são mais conhecidos como filhos. Essas são boas árvores.

Entretanto alguns têm o dom de se assemelharem a árvore da cólera, que é grande e toma boa parte dessa imensa floresta em que vivemos. Quem come de seu fruto, mesmo que não ocorra de maneira instantânea, morre e desfalece. Essa, e muitas outras, são árvores más.

Ao longo de toda sua caminhada, o homem tem perdas e ganhos, erros e acertos, vitórias e derrotas, amores e ódio e vida ou morte. As árvores têm seus frutos colhidos, arrancados, tirados... Encarem como quiser, e de quando em vez, devem ser podadas para que as raízes sejam fortalecidas e cresçam.

Mas será que o homem sabe conviver com as perdas? Ele continua sendo o mesmo homem? De certo que não, mas para subir nessa longa e árdua escada da vida, devem-se galgar os passos de maneira calma e objetiva. Mesmo que haja perdas e tropeços, que entendamos... Tudo é para a nossa evolução.

Assim, procure refletir um pouco:

Uma árvore mesmo sem os ramos e frutos continua sendo uma árvore?

terça-feira, 15 de maio de 2007

Comunicação e tecnologia: revolução, evolução e globalização

Por Thaise Amorim

Para Manuel Castells, as mudanças nos levam a pensar como a informação será aplicada para conseguir informar o público nesse novo modelo, no qual criador e criatura tem o mesmo poder. Em menos de duas décadas essa tecnologia se difundiu pelo globo mudando totalmente a nossa maneira de ver o mundo.

Foi durante a Segunda Guerra Mundial que se deram as principais descobertas tecnológicas em eletrônica. A partir da década de 70, as novas tecnologias baseadas na eletrônica se difundiram amplamente. Através da microeletrônica foi possível ter o transistor, permitindo a codificação da lógica e da comunicação com e entre as máquinas. Esses milhões de transistores formam o que chamamos de chip. O passo decisivo ocorreu em 1971 com a invenção do microprocessador, que é o computador em um único chip. O problema agora já não é a falta de espaço para armazenar as funcionalidades necessárias, mas o que fazer com todos os transistores disponibilizados.

Outra descoberta foram os computadores que passaram de suas 30 toneladas, 2,75 metros de altura, estrutura metálica, 70 mil resistores e 18 mil válvulas a vácuo para o que temos em casa hoje e chamamos de PC (computador pessoal). Todo esse avanço se deu graças ao desenvolvimento de novos softwares adaptados a suas operações que facilitam o uso. Desde meados da década de 80, os PCs já podem funcionar em rede, o que possibilita a comunicação entre eles com maior mobilidade.

As telecomunicações também deram um passo importantíssimo com a optoeletrônica (transmissão por fibra ótica e laser). A optoeletrônica possibilitou a transmissão de dados pelo TCP/IP (Protocolo de controle de Transmissão/ Protocolo de Interconexão), e a telefonia móvel, que, com a ajuda de computadores, pode enviar mensagens, fotos, e está ao mesmo tempo em toda parte para uma comunicação eletrônica interativa e ininterrupta em tempo real.

Essa revolução que vem ocorrendo na tecnologia da informação deve-se muito ao caráter lógico, flexível, penetrante e convergente que ela contém. A informação é a matéria-prima para todo o processo e vem transformando a nossa vida dia após dia.

Os meios de comunicação são a extensão do homem, como disse McLuhan, isso implica que estamos constantemente buscando uma informação e quem a tem detém o poder. Wilson Dizard apresenta que, ao tentarem adequar-se ao novo sistema, os meios de comunicação de massa clássicos começaram a investir mais em flexibilidade, interatividade em suas programações, buscando não perder seu público para internet, uma vez que esta reúne à escrita, o oral e o audiovisual em um só lugar. Esse novo modelo de informar é mais fragmentado e quem tiver o diferencial sairá na frente.

Com isso, começa-se a pensar em uma programação para cada grupo de receptor e de forma que ele possa acessar na hora que quiser, como é na internet. Nessa busca desenfreada para conquistar o receptor, o bombardeio de informação é muito grande, podendo até desinformar ao invés de informar. O receptor vai ter que ser crítico e selecionar realmente o que o interessa, porque o novo formato de mídia proporciona que o imaginário se torne real, como no Second Life, onde tudo que não é possível realizar na vida real se consegue com uma vida virtual. A única certeza que temos é a que, como profissionais da comunicação, teremos que estar sempre nos atualizando para saber um pouco de cada canal e prontos às constantes mudanças.

Todas essas mudanças estão ocorrendo em todas as partes e não afetam somente uma parcela da população, mas sim, todo o mundo. Stuart Hall apresenta um fenômeno antigo, mas muito citado hoje em dia, a globalização. Para ele, globalização são processos atuantes em uma escala global, integrando e conectando comunidades e organizações em novas combinações de espaço e tempo, tornando o mundo, em realidade e experiência mais interconectado. Com o fim das distâncias, a globalização começa a ter efeito sobre a formação das identidades culturais, o impacto é imediato sobre as pessoas e lugares situados a uma grande distância. Porque, à medida que as culturas nacionais ficam expostas a influências externas, é difícil conservar as identidades culturais intactas. E quanto mais a vida social se torna mediada pelo mercado global, mais as identidades se tornam desvinculadas de tempos e tradições específicas e parecem “flutuar livremente”.

É muito difícil a globalização destruir as identidades nacionais o que ela vai fazer é produzir, simultaneamente, novas identificações globais e novas identificações locais. Mas a globalização não é igualmente distribuída ao redor do globo e, uma vez que a direção do fluxo é desequilibrada e que continuam a existir relações desiguais de poder cultural entre o “Ocidente” e o “Resto”, pode parecer que a globalização seja essencialmente um fenômeno ocidental. Por outro lado, as sociedades periféricas têm estado sempre abertas às influências culturais do ocidente. Assim, produz novas posições de identificação, mais posicionais, mais políticas, mais plurais e diversas. Diante do exposto, ficam algumas perguntas: Será que essas novas tecnologias irão aumentar a diferença entre ricos e pobres? Será que os meios de informação estão preparados para uma programação pluralizada ou será que seremos bombardeados com programas triviais?